007 project - versão 011

Nada mais barango que um "renascemos das cinzas", mas é meio por aí o retorno deste blog.

Após mais uma odisséia amorosa fracassada, iniciamos um antigo projeto jamais posto em prática.

É mais ou menos assim: Menina R. tinha 17 anos [ou seriam 18?] quando deu pra se interessar por um menino uns dois anos mais novo que ela.

O cara era mala [claro, ela não enxergava isso à época]. Dava corda e depois desandava. Terminava com a namorada e vinha caçar sarna pra se coçar. Menina R., bobinha, coçava pra ele. Depois o gajo se mandava pra ex [que a essa altura do campeonato voltava a não ser ex] e Menina R. ficava estrupiada da alma, miando baixinho pelos cantos.

Num desses mumunhos Menina R. percebeu o que qualquer um mais bobo já havia percebido há tempos: vivia uma desilusão amorosa [nem a primeira, nem a última]. Pensou, à época, em criar um livreto de pequenos diálogos chamado "Monólogos de um amor platônico" -- um pedaço de papel onde pudesse mumunhar à vontade seus sofrimentinhos.

Chegou a rascunhar algo, mas largou o projeto tão logo se interessou por outro ser humano do sexo masculino [típico de Menina R.].

Muita água rolou, muito homem passou. Década cheia depois, porém, acontece o quê? Basicamente, a mesma tal história.

Jovem Senhorita R. um belo dia se pega num mato sem cachorro, caída por um ser humano que dela pouco mais queria que sei lá... quinze minutos de companhia de seis em seis meses. Boba como sempre, Jovem
Senhorita R. nem percebeu. Embarcou na canoa furada sem colete salva-vidas nem balde pra tirar a água [e era alto mar].

Quando deu por si, nem margem tinha pra se segurar e Jovem Senhorita R. foi fazer glub-glub com os peixinhos do fundo do mar [Ah! Quem foi o estapafúrdio que propagou por aí que "life is good"?]. E enquanto aprendia a prender a respiração e tentar subir, veio de novo aquela velha ideia.

Amores não correspondidos, malentendidos... quem nunca viveu um, que atire a primeira boia e salve uma antinha que não sabe nadar [mas que sabe incorrer ao mesmo erro infinitas vezes].

Dessa vez, porém, sem ter aparecido nenhum cavalheiro de chapéu na mão, a ideia foi vingando. O que pode ser entendido como uma dádiva dos deuses que mantém a paz na terra aos homens de bem, pois não fosse a ideia vingar, era a moça que ia querer vingança e aí, deus pai, a menina quando se mete a ser nervosa tem umas ideias terríveis.

Pois que das profundezas de mais um afogamento em sua própria  ingenuidade, Jovem Senhorita R. retorna com um projeto: Os Monólogos de um Fragmento Amoroso. Ideia original, de 2000, aperfeiçoada pela leitura atenta e minuciosa de Roland Barthes, que ocorreu nesse entremeio. E se o semiólogo francês debruçou-se sobre o amor -- e seus significados --, tombaremo-nos aqui sobre a desilusão -- e seus descaminhos.

Mas sem chororos. Afundados e molhados venceremos, já diria lula, o molusco.